A economia portuguesa passou por diversas e profundas transformações ao longo das últimas décadas. Da economia do Estado Novo, muito assente na agricultura e na indústria, num modelo colonial, corporativista e protecionista, supervisionada pelo Estado, Portugal começou progressivamente, a partir do início dos anos 1970, a levantar restrições e a abrir a economia ao exterior. Com a revolução de 1974 e o fim do regime colonialista, o país atravessou um período de ajustamento e contínua modernização do modelo económico.

Durante a década de 1990 Portugal seguiu uma política económica determinada pelos critérios de convergência da União Económica e Monetária (UEM). O processo de convergência nominal foi concluído com êxito, tendo o nosso país logrado a integração na Zona Euro desde a sua criação, em janeiro de 1999. Tal implicou o cumprimento de um conjunto de critérios quantitativos associados à prossecução de uma política macroeconómica rigorosa e credível.

Desde então que se vem verificando, em termos da estrutura da economia, o crescente domínio do setor dos serviços, à semelhança, aliás, dos restantes parceiros europeus. Em 2018, o setor primário representava apenas 2,7% do VAB (contra 24% em 1960) e 5,8% do emprego; enquanto o secundário correspondia a 21,9% do VAB e 24,1% do emprego. Nesse ano os serviços contribuíram com 75,3% para o VAB e representaram 70,1% do emprego.

Para além de uma maior incidência dos serviços na atividade económica, registou-se nas últimas décadas uma alteração significativa no padrão de especialização da indústria transformadora em Portugal: modernizou-se, saindo da dependência de atividades industriais tradicionais para uma situação em que novos setores, de maior incorporação tecnológica, ganharam peso e uma dinâmica de crescimento, salientando-se o setor automóvel e de componentes, a eletrónica, energia, farmacêutica e novas tecnologias de informação e comunicação.

A indústria, no passado decisiva para o desenvolvimento económico e social europeu, foi perdendo relevância com o desenvolvimento do setor dos serviços. Em Portugal, a indústria transformadora passou de 18,1% do PIB em 1995, para 13,5% em 2019, abaixo dos 16,5% da média europeia no mesmo ano. Assim, a indústria é hoje vista como uma área prioritária para a recuperação e modernização económica nacional, parte de uma transição ecológica e digital, nos termos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), aprovado pela Comissão Europeia. Este plano, com execução prevista até 2026, assenta numa significativa industrialização nacional que se faça num contexto internacional de descarbonização, assente assim em investimento em hidrogénio limpo, no quadro do Pacto Ecológico Europeu e do Acordo de Paris. A industrialização nacional terá assim destaque no plano, com vista e a contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2020 e garantir uma melhoria sustentável do nível de vida da população. Esta necessidade tornou-se evidente durante a crise pandémica, como pilar essencial de uma economia resiliente que reduza a sua dependência face ao exterior e exposição a riscos de novas disrupções de cadeiras de valor.

Ainda nos serviços, a posição geográfica de Portugal, usufruindo do clima mediterrânico moderado pela influência do Atlântico, bem como a extensa faixa costeira, aliados à história e à cultura, apoiam uma relevante e crescente indústria turística.

Decorrente da pandemia, e das restrições de mobilidade, o setor do turismo registou em 2020, uma quebra histórica. Sendo esperada a recuperação do mesmo, com o ultrapassar da pandemia e retorno à circulação sem restrições, o setor está ainda assim também em destaque no PRR, com vista a uma modernização e reforço da competitividade. Com efeito, o turismo é uma das áreas prioritárias de ação de planos como a Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente (ENEI), e Emprego + Digital 2025 - programa de capacitação em tecnologias digitais focados na inovação e transformação digital. Reforça ainda a referência ao conceito de crescimento verde e azul, potencialidades ou oportunidades ligadas aos ecossistemas, hidrosistemas e ao oceano, ou seja, às “nature-bases solutions”.

Portugal está entre as 50 maiores economias do mundo e encontrava-se até 2020 com perspetiva positiva de crescimento. O choque económico decorrente da crise causada pela pandemia do vírus SARS-CoV-2 colocou um travão nesta tendência, provocando uma queda acentuada da atividade. No entanto, hoje, com a campanha de vacinação e as políticas públicas de apoio, as previsões macroeconómicas apontam para a recuperação da economia nacional, que deverá atingir o nível de produto pré-pandemia após o 3º trimestre de 2022, segundo dados da OCDE.

Fontes: AICEP e Banco de Portugal

 

(Principais Indicadores Económicos atualizados, de 2016 a 2020)

 

Tabela com os principais indicadores económicos
IndicadorUnidade2016201720182019 Po2020 Pe
PIB Milhões EUR 186489,81 195947,21 205184,12 213949,29 202455,25
t.v. volume 2,0% 3,5% 2,8% 2,5% -7,6%
PIB per Capita Milhões EUR 18061,00 19023,00 19952,00 20800,00 19637,00
t.v. volume 4,1% 5,3% 4,9% 4,3% -5,6%
Consumo Privado Milhões EUR 118273,50 122556,25 127737,35 132344,36 125423,43
t.v. volume 2,0% 2,6% 2,1% 2,6% 2,6%
Consumo Público Milhões EUR 17652,07 18264,66 19182,30 20195,23 21151,15
t.v. volume 0,8% 0,2% 0,6% 0,7% 0,4%
Investimento (FBCF) Milhões EUR 28893,36 32887,73 35953,44 38839,21 38627,85
% PIB 15,5% 16,8% 17,5% 18,2% 19,1%
t.v. volume 3,6% 13,8% 9,3% 8,0% -0,5%
FBCF excluindo Construção Milhões EUR 14942,324 16625,314 18003,620 18822,468 17211,411
% PIB 8,0% 8,5% 8,8% 8,8% 8,5%
t.v. volume 6,5% 11,3% 8,3% 4,5% -8,6%
Rendimento Nacional Bruto Per Capita EUR 17622 18577 19465 20276 19344
Taxa de Atividade % população >15 anos 58,4% 58,9% 59,0% 59,1% 58,0%
Taxa de Emprego % população ativa 51,9% 53,6% 54,9% 55,3% 54,0%
Taxa de Desemprego % população ativa 11,1% 8,9% 7,0% 6,5% 6,8%
Saldo Orçamental do Setor Público % PIB -1,9% -3,0% -0,3% 0,1% -5,7%
Dívida Pública % PIB 131,5% 126,1% 121,5% 116,8% 133,6%
Saldo da Balança Corrente Milhões EUR 2186,1 2537,3 1137,4 820,9 -2377,4
% PIB 1,2% 1,3% 0,6% 0,4% -1,2%
IHPC-Portugal t.v. anual 0,6% 1,6% 1,2% 0,3% -0,1%
Produtividade do trabalho por pessoa empregada (ETC) t.v. anual -0,60% -0,10% -0,40% 1,10% 3,40%
Custo do Trabalho-Remunerações t.v. anual 3,60% 6% 6,40% 4,60% 1,10%
Custo do trabalho- Por unidade produzida (nominal) t.v. anual 0,80% 2,10% 3,40% 1,80% 9,30%
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